dia 6

Se eu não escrevesse esta história talvez ela fosse diferente. Ainda vou a tempo de a deixar morar no silêncio onde sempre viveu. É aí que vivem muitas das mais extraordinárias das histórias (não é o caso desta), no silêncio, na lareira imensa dos lumes brandos dos arrependimentos. Há um antagonismo crónico para com os remorsos,  e ele é velho como são aquelas árvores milenárias feitas de madeira oca. Mas as coisas só valem a pena se, por trás, num canto qualquer de sombra, um arrependimento repousar roendo a alma, relembrando-lhe que tudo vibra no limbo do seu limite quando nos deparamos com uma escolha. E que tudo tem um eco próprio e um eco em negativo.


Mas aqui estou, e o dilema já não se coloca, pois o relato seguirá após esta atabalhoada introdução.

Não há muito a dizer, aliás, se calhar, se nada disser a coisa explica-se por si mesma.

Havia quadros por pendurar numa sala e as paredes já enlouqueciam. Uma janela enorme pedia voos largos de pássaros. Fim.


Sem comentários: