dia 3

as poeiras do esquecimento assentam no silêncio

passaram mil noites desde que as palavras cavalgaram nas praias do verão

e das pegadas largas e livres que ficaram na areia molhada resta apenas espuma

velhos são os versos em ruínas que uivam no fundo das noites escuras das gavetas esquecidas

a fénix sem chama e esfomeada
sem voo e sem grito
é o triunfo dos desmaios
a vitória do que nunca foi escrito e do silêncio exacto dos adiamentos

prevalecem os rumores tímidos da inspiração e algumas rimas perdidas
como aqueles fogos que reatam antes de se esvaírem em penumbra e sombra e breu e cinzas de solidão

escreve como se ninguém ouvisse
pois na verdade
ninguém está a ouvir

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