foi preciso

ao silêncio do qual nunca saíste
chegaste uma noite sem o saberes
foi numa madruga precisa de solidão em que o teu cansaço venceu e desmoronou-se num sofá

dormiste caído e abandonado pelas sombras

o vento louco lá de fora a rasgar a noite
uma manta imensa de nevoeiro a emudecer a janelas

foi preciso uma tempestade e o mar virado do avesso
para que naufragasses uma vez mais
dando à costa da quietude
moribundo
reencontrado e reencarnado