dia 18

escreveste um último chão para que os passos encontrassem um caminho
e para trás ficou a sombra do teu corpo

esculpiste uma derradeira onda de bronze onde pousavam em equilíbrio precário pelicanos enormes
e foi a noite que tudo cobriu com seus cheiros de gente ébria e perdida 

dançaste uma valsa e um tango e disseste poemas numa língua morta
e apostaste a vida com a única moeda que te restava numa roleta que não mais parou de girar

e até hoje
pendente
como os pelicanos sobre a onda
a tua existência espera o desfecho

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