dia 346

que luto pode caber num livro
ou que silêncio num outro silêncio

e que dia de chuva pode chover de novo
ou que manhã de luz não termina nunca de amanhecer

estas perguntas espalhadas na alma
e uma janela aberta para um mar enlouquecido
por onde o olhar sem açaime nem trela nem dono se incendeia em correria

a sede de morder o horizonte
de o ferrar até rasgar
para que céu e oceano se despenhem de vez
ou
pelo menos
uma vez
para vermos como seria tudo isto

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