dia 348

as lengalengas intermináveis
as longas onomatopeias da alma
as linhas da mão lidas sob o luar
os perfumes do nevoeiro em rodopio
as canções de amor de outros tempos
os escapes que acabam nos precipícios
os saltos para o infinito
a certeza da incerteza e o contrário ao contrário

a poesia escrita em sangue e cuspe
os gritos e uivos de quem vive como um cometa ou uma bomba que nunca acaba de explodir
a sede
sempre a sede
o desespero desta sede e a tenebrosa verdade de que nunca
nada
ninguém a pode saciar

mas saber
que assim é que vale a pena 

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