dia 296

não posso deixar escapar
esta miragem

não sei bem de onde regressou
mas tenho sido inundado pelo céu e pelas danças de nuvens
e é-me difícil descrever esse deslumbramento

porque há tanto espaço entre a vertigem e olhar
que tudo é uma queda da alma
um pasmo sideral ver sob o horizonte longínquo essas montanhas de névoas
como imensas fumaças brancas cobrindo a abóboda celeste
imitando as nebulosas afastadas e silenciosas do cosmos

não sei
não cabe aqui o arrepio do espírito
ele é um relâmpago fulminante
temos que se por um qualquer acaso o conseguisse dizer
todo o poema implodiria

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