dia 283

a lua nasce e as sombras recolhem-se junto às esquinas e às bordas dos passeios

é a hora de esvaziar os copos
de saciar a sede antiga do verão e encher a alma com o outono

em breve tudo será coberto pelo silêncio da melancolia
e o perfume doce das esperas pairará no ar

o recolhimento das almas
mesmo daquelas que querem ferver para fora dos corpos

há torpores que têm o peso do mundo
a rendição momentânea do espírito
o abandono dos seres a um momento feito de nada

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