dia 152

pensei que estava preso num verso
mas na verdade fiquei foi preso num suspiro
que pendente e em suspenso da evocação de uma lembrança
esperava pelo que as brumas do esquecimento estariam disponíveis para revelar

e assim se perdeu um poema ou pelo menos a ocasião de assassinar um silêncio
a quietude imperou até me recolher vencido
e quando pensei que já nada tinha a dizer
soltei um grito que não era meu
e despi-me num corpo desconhecido
quando voltei a mim
já não restavam palavras
calei-me

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