dia 121

tenho uma recordação que tem tanto de vago como de preciso
como quando se cerra os olhos para melhor se ver e ao mesmo tempo pior se vê
mas a ideia revela-se e tatua a sua própria dúvida de ser real

trata-se de um homem derrotado e perdido
caído sob o peso do infortúnio
mas que acredita ainda
que alenta a esperança
e a palavra que usa não mais me abandonou

escapatória

como se toda uma existência se resumisse a isso
a escapar
nada mais
nem o amor
nem o desgosto
nem as lágrimas
os filhos
a poesia
o suor ou a fome
não
somente essa coisa que pulsa desde que se nasce e que arde no fundo dos fundos

des - ser-se

Sem comentários: