dia 128

sonâmbulos deambulam pela minha insónia
falam coisas que não entendo
entram e saem pela madrugada
alguns vestem casacos
outros de chapéu
todos sem rosto

quando um deles acorda
todos acordam
e desfigurados perdem-se num choro incontrolável

eu suo em febre imaginária
como se estivesse numa casa de ópio
inundado de mim e de convulsões
afinal
o sonâmbulo era eu
e o poema está escrito e anónimo
como deve de ser

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