dia 237

chovia forte lá fora
eles estavam na mesa ao lado da janela

eu no lugar do costume
no canto
com meia cerveja a morrer no copo

mil gotas desciam no vidro formando lanços de lágrimas
e o reflexo do rosto dela silencioso
multiplicado por todo o vidro

não falaram até saírem
os cafés bebidos e perdidos sobre a mesa e um guardanapo

a solidão é isso
uma mesa desarrumada com chávenas de café fora dos pires sem ninguém

vá lá que ainda me sobrava cerveja morna
sempre era um pequeno aconchego antes de sair
também eu
para a noite chuvosa

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