dia 224

quando o vento traz ecos
e parece repetir sempre o mesmo uivo
e as gaivotas disparam pelo céu sem rumo
e os arbustos contorcem-se num emaranhado de ramos
e as nuvens passam no alto esfumando-se
e as gentes recolhem a casa
e o mar ergue-se espreguiçando-se após um longo sono
e as palavras revoltam-se
e os carros passam apressados pela rua roendo o alcatrão
e os cães ladram nos jardins escondidos
e tudo o resto parece serpentear em desnorte

a lua imóvel e irredutível
tatuada num disco pálido
cala-se em luar sereno

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