tinha as telas espalhadas pelo chão
inacabadas nos traços e incompletas na alma
as tintas secas quebravam sob o peso do calor
e restos de cerveja em garrafas quase vazias azedavam pacientemente
o gato não parecia interessado no bloqueio criativo
e miava quando tinha fome
quando finalmente voltou a pintar
veio o inverno e as manchas de humidade nos cantos da sala
optou por beber chá e eram as chávenas que agora se multiplicavam pelo chão
o gato dormia por cima de uns trapos manchados
a alma e o traço voltavam aos quadros
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