seca a garganta das coisas
até elas desaparecerem nelas próprias
implodindo sem rasto sem sombra nem eco
um dia escreverei sobre essas coisas
pedaços de pedra a resistir ao deserto
garrafas partidas em entulhos vasculhados por gaivotas
farrapos a fazer de cobertor aos sem-abrigo
beatas fumadas até ao filtro arder
gatos esfomeados a fugir nas vielas
tatuagens com nomes de amantes que já não o são
livros por ler
beijos nunca trocados
guitarras sem cordas
cinzas de lareiras com mais de cem anos
ruínas do que nunca foi monumento sequer
e quando escrever sobre essas coisas
a sede saciar-se-á
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