I
antes do antes
agora sim, o silêncio mais profundo, aquele cujo rumor é feito dos ecos do que fomos, tudo polvilhado por aí entre as sombras invisíveis dos gatos ausentes, sem gestos felinos que se vejam nem olhares que se cruzem
há a possibilidade de todas as coisas e a impossibilidade de coisa nenhuma
escorre das paredes um musgo primordial, um magma do tudo por vir, como lá no infinito do longe nas fornalhas das estrelas e galáxias onde os elementos se moldam sob a pressão das regras elementares, agregando átomo a átomo, criando aquilo que precede os sonhos, as desilusões, os sorrisos, as paixões, as tardes de sol, as esperas nas paragens de autocarro
agora ainda não é agora
é quase
porque o caminho dos elementos forjados no cosmos até ao cintilar da vida na Terra, levou eternidades
precisas também tu das tuas eternidades
do lento correr dos dias, dos silêncios, da solidão e sua penumbra envolvente
precisas também tu das tuas eternidades
do lento correr dos dias, dos silêncios, da solidão e sua penumbra envolvente
por isso, o tempo de tempo precisa para se revelar novo, de novo, inocente.
antes do antes.
2 comentários:
Lindo texto como já nos habituaste! Força...
Obrigado. Beijinho.
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