o espaço é tão tanto e o tempo é tão nenhum

do teu cimo ao teu chão
o espaço e o tempo são líquidos

porque o olhar percorre tudo isso num vislumbre
já as minhas mãos demoram-se no caminho
e a minha boca perde-se no trilho
seja no calor do teu pescoço ou nos gomos dos teus lábios
na curva da tua cintura ou no teu ventre de seda e cetim

e o espaço é tão tanto e o tempo é tão nenhum
que não me chegam nem os olhos nem as mãos nem a boca
nem os dias nem as noites e nem as manhãs
pois és a sede que não se sacia e a fome que não se mata
a ânsia perpétua e o desassossego infindo

és a própria rota
o rumo essencial
na sina que me calhou

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