arde o próprio ar

arde o próprio ar
por dentro do fôlego e do sopro
relembrando a fornalha primordial e os grandes incêndios cósmicos

transpira-se pelos poros da alma
e o suor sem tempo para gotejar evapora-se mal nasce
vaporiza-se no éter ardente

tudo é mais lento
tudo é mais vagaroso
tudo se adia por um momento até resvalar com o peso de um agora mais longo

tudo se arrasta
os versos derretem na linha do horizonte do poema
desmaiando no ocaso do que têm para anunciar
não chegando a extinguir-se
ficando na letargia infinita da canícula

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