tinha um pequeno ponto negro no lago esverdeado à volta da íris
por vezes esse ponto era o centro de um turbilhão
e o quarto e a roupa e a cama e tudo o resto era sugado por ele num movimento largo e lento que durava a madrugada inteira
quando amanhecia e eu acordava
era como se tivesse viajado por um portal
e os olhos eram agora negros e o ponto levemente azulado
como se tudo se tornasse o negativo da véspera
até recomeçar mais uma vez a tempestade
ao fim do dia
quando os corpos pedem água e saliva e suor
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