dia 195

escrevi há muitos anos
um texto sobre um homem que olhava da rua para uma janela iluminada

o que via era uma silhueta de alguém a escrever
e logicamente
o que esse alguém escrevia era sobre um homem de gabardina que ele via pela janela do outro lado da rua junto à esquina

e eis-me aqui
à janela
ou na rua
a olhar
ou a escrever
e isto não acaba nunca
como a serpente que devora a própria cauda

Sem comentários: