dia 95

ao certo ninguém sabe
quanto tempo dedicou à arte esquecida de errar
mas a mestria com que o fazia
levava a crer que fora muito

era preciso na ideia de imprecisão e exacto no conceito do defeito
esquecia os amanhãs lendo coisas antigas
vestia largas camisas às cores

diziam que era louco
que quando amanhecia era o primeiro a sair à rua tropeçando no próprio sono
e que mal o primeiro raio de sol se propagava sobre a estrada
invariavelmente tentava colhê-lo com as mãos para logo descobrir que se lhe escapava em sombra

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