dia 111

o berço balança
e quer a criança quer o velho
dormem o sono profundo

o resto da casa está vazia
apenas o breve tilintar dos vidros ressoam quando passa um carro na rua

dentro dos louceiros
os desfiles de sempre dos serviços nunca usados
copos pratos sopeiras

atentos a isso estão os quadros de natureza morta pendurados sobre as paredes cujo papel tem padrões florais e sépia

e eu
qual intruso
escrevo
porque nesta rotina diária
encontrei a porta aberta
tivesse ela fechada e o poema seria outro

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