dia 71

de noite
um vasto mar sem barcos sem lua sem linha de horizonte
um manto negro que cobre a vista da janela como um poço sem fundo

uma vertigem cósmica trepida nesse abismo e apela o olhar num mergulho sem fim
os segredos do cosmos clamam por entre metáforas

revela-se o infinito nesse penhasco qual goela de besta mitológica
em suma
nestas coisas
nestas aparições nestes devaneios e nestes pasmos
somos presa
somos cobaia
somos inevitavelmente devorados

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