dia 66

uma garrafa por perto e um caderno velho onde escrever versos
uma janela aberta para a noite e o rumor antigo do mar
meia-dúzia de livros escolhidos pelo destino
uma guitarra de cordas gastas e um casaco de ganga esquecido sobre a cadeira

outra garrafa e a lareira onde queimas o mesmo caderno velho
a janela fechada que esconde a madrugada e o mar
os livros do avesso
a guitarra desafinada até ao infinito e o casaco coçado do uso

uma última garrafa e a brasa final do fogo literário
a janela de novo aberta quando o sol já espreita
livros em silêncio pelo chão
a guitarra num canto e o casaco a cobrir-me sobre o sofá num sono ébrio

Sem comentários: