a rotina tinha vencido várias batalhas
empurrando-a para velhos vícios de sestas e vinho e cigarros à janela
os homens
que a procuravam
encontravam um corpo que se escapara pelas madrugadas de
solidão
ia lendo e as palavras dos outros soavam distantes na vastidão da alma
regressava aos sonos intermitentes e à bebida ocasional de um copo ou dois
quando ia à janela fumar o gato do vizinho caçava moscas colado ao vidro que
separava as varandas
mais tarde quando voltou a escrever
optou por um verso
longo e sem quebra
um verso incompreensível onde tudo era dito
rasgou-o e assim
deixou de adormecer a meio do dia
deixou de beber e de fumar à janela
o corpo
regressara e os homens que encontrava tinham porto para atracar
não escreveu
mais e o gato não voltou a aparecer à varanda
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