escorre das paredes um musgo primordial
um magma do tudo por chegar
coalhado em manhãs que têm o peso de um arrependimento
como se o que dissesses agora pudesse ocupar um silêncio anterior
escrever o que te dita a voz muda da madrugada é o que resta
e nem o nevoeiro da memória
nem o roer do tempo
encobrem ou desfiam esta loucura
este traço imperfeito que de tão imperfeito
certeiro se revela
sobra a lembrança baça do que foi perderes-te num poema
e brotares do outro lado da página com o peito em chamas
coado por uma insónia que dura desde sempre
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