de te esvaíres em sombras no lento correr dos dias
no desvanecer das noites
no derramar sereno das madrugadas
até que nasça uma manhã de insónias
e com ela versos póstumos desse momento preciso em que tudo se revela
um dia leio-te tudo
isso
palavra a palavra
verso a verso
talvez uma emoção nasça dessa leitura
algo inútil mas real
para que saibas que tenho cadernos vazios
adiados
rabiscados de abandono perpétuo da palavra
cemitérios de silêncio lavrados com a tua ausência
pois dos ecos da tua sombra nem penumbra ficou
nem cinza nem pó
nem a intenção
essa etérea nuvem que por vezes resiste a tudo
nem ela permaneceu
esfumou-se no breu derradeiro do esquecimento
que resquício de contentamento pode sobrar
somente uma promessa quebrada
e é sabido
uma promessa quebrada é atalho para a loucura
Sem comentários:
Enviar um comentário