a ideia de que se pode agarrar uma emoção
de a ter nas mãos como um punhado de areia quente
de a agarrar até ao sangue
tingindo-a de escarlate e penumbra
senti-la não só na alma mas também no corpo como um estremecer do âmago
um sismo orgânico
qual vertigem sensorial
poder falá-la, descosê-la da língua subterrânea do espírito e estendê-la em versos com a força de mil ondas
num maremoto lírico sem igual
tatuar essa emoção em cada canto de ruga
torná-la o mapa visível do meu destino
breve cataclismo do que própria matéria pode suster
um pórtico entre o que à alma pertence e o que à terra diz respeito
uma janela para esse limbo que um olhar por vezes também desvenda
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