e todas as declarações de amor



enquanto não chega a história alongas o caderno e escreves horizontalmente, espraiando as palavras ao largo. foi preciso cair uma noite de nevoeiro e reencontrares os Simon and Garfunkel para também tu seres outono. disfarças esse adiamento do grande romance com jogos de escrita como este. soubesses tu desenhar ou esculpir. a fuga que é a tua só tem casa nestes nadas. talvez também pudesses dormir e encontrar um sono recorrente e nele tudo farias para reviver sempre o mesmo sonho, noite após noite, queimando madrugadas na teimosia de uma mesma narrativa. chegaste a amar a dada altura e esse incêndio ninguém to apaga nem ninguém to rouba, essa ferida da entrega incondicional da alma, por muito etérea que seja agora, ecoa pelo universo. ah, que se foda a solidão, no silêncio estão os ruídos todos do mundo e todas as declarações de amor.

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