as árvores ao contrário
as raízes no cimo, magras e histéricas viradas ao céu, recortando os veios em contraste com o branco das nuvens pálidas
em silêncio petrificado, um esforço derradeiro de seiva, em vão por agora
talvez mais à frente na combustão da primavera recuperem e disfarcem em folhagem o esqueleto real que vão sendo
o que revelam para já é a contradição da própria existência
a batalha contra a força invisível da gravidade a cada ramo que se ergue um pouco mais e a luta assombrosa de cada raíz que rompe o atrito do subsolo, pela terra e pedras que as trava
as árvores hibernadas delas mesmas, quietas em silhueta, pilares de nada, monumentos do mais profundo desconhecimento
as árvores ao contrário
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