As vidas vazias a que assiste reconfortam-no de certa maneira. Sabe que pelo menos não está totalmente só. Observa os gestos dos outros entre eles, e reconhece, nesse espectáculo, a inutilidade dos mesmos. Não é hipócrita para se julgar diferente, sabe bem que representa no mesmo palco, que para poder sobreviver (nem que seja dele mesmo) necessita desses gestos inúteis, desse desempenho de um papel que por imitação representa. Mas também sabe que a consciência de estar a representar a inutilidade, assalta-lhe cada vez com mais frequência, e isso torna-o pensativo, que como se sabe, é meio caminho andado para tomar resoluções. E sabe que se tomar resoluções, serão novas promessas que deixará por cumprir. Os loucos são aqueles que não cumpriram promessas ou que tudo fizeram para as cumprir.
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