Esperar-te

Amanhacera devagar e sobre o mar a neblina habitual toldava a vista das ondas. Na rua eram poucos os vultos e só a espaços um carro cruzava o semáforo. Esperei algum tempo a ver se vinhas, sabendo de antemão que não virias. Talvez não devesse esperar e, dessa forma, ser porventura surpreendido com uma tua aparição. Talvez esperar desfizesse nas contas do cosmos, a possibilidade real de vires, de me apareceres envolvida num desses teus cachequóis coloridos, de me olhares finalmente e falares alguma coisa. Mas cada um faz o que pode, e eu, em frente à rua quase deserta e ao mar nublado, podia esperar-te, e era o que fazia.
.

Sem comentários: