Debato-me entre conceitos, dos quais a nostalgia e as saudades se envolvem, cedendo um pouco cada uma das suas nuances. Entre o aperto ligeiramente doloroso de uma e a doce melancolia de outra. Não especifico qual pertence a qual, ou melhor, nenhuma delas deixa espaço para a identificação. Não se trata de um grande tormento, aliás os grandes tormentos pertencem a tragédias reais. Mas uma pessoa anda nisto e cada um sente o que sente com o seu próprio sentir e não nos cabe escolher o que à alma e ao corpo cabe revelar. No fundo, os sentimentos é que nos escolhem, a nós cabe apenas o papel de as representar. Certas músicas de Springsteen atiram-me sem piedade para um estado de arrebatamento que me espanta sempre, nada de muito transcendente mas ainda assim digno de registo. Terá sido de as ter ouvido ainda muito novo em viagens longas entre Bruxelas e o Porto. O silêncio da noite nas autoestradas cortadas por aquelas canções que contam a história de uma América entre o sonho e uma realidade feita de alcatrão, fábricas, carros e sentimentos de amizade, amor, laços de sangue e infinito. Não me sei explicar melhor. Talvez seja do domínio do insondável. É que existir não nos dá outra escolha senão cumprirmo-nos atabalhoadamente no caminho que nos é dado percorrer.
Esta versão do The River tem lá tudo. É digna de se ouvir, da introdução que contém um diálogo com o público absolutamente fantástico, ao rebentamento da canção na voz do The Boss, na harmónica e nas palavras.
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(para o facebook, careguem ali em baixo em "view original post" para chegarem à música")
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