Querias um pouco mais de algo invisível, mas ele apenas tinha para dar o que luzia aos olhos de todos. O olhar silencioso que por vezes te atirava não era sinal de uma qualquer profundidade de sentimentos. Os gestos ternos que te desenhava após o suor não eram mais do que isso mesmo, gestos. As esperanças eram tuas, nada nele as semeava intencionalmente. Quando saía de madrugada e te acenava da porta do quarto, sabias que um possível regresso não era uma certeza. Somente na solidão da tua cama havia lugar para o que ele nunca seria, e somente na solidão da alma dele havia espaço para a o sonho que teimavas em arder por dentro. Há almas assim, adiadas uma da outra, mesmo se os corpos se emaranham na quietude das tardes quentes de verão.
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