pertença

teres vertigens nos olhos
e saber que a espera é o perfume do outono
que na melancolia conhecida dos poemas
jaz o verso abandonado numa imensidão de praia e mar
mudo perante o infinito
como um ninho de cegonha abandonado

não se regressa a nada a não ser ao fim
não existem recomeços
não se acerta o relógio profundo
esteja ele atrasado ou adiantado

os lugares que te sangram na boca
que rangem entre os dentes e cospem saliva e fogo
são a tontura contraditória
de saberes e não saberes
mas que a esses mesmos lugares pertences desde sempre





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