premonições póstumas e outras alquimias


soube depois mas já o sabia num limbo do antes
como se o tempo fosse atirado ao esquecimento momentâneo do que corre silenciosa e inexoravelmente

escrevi-o num repente que brotou já o sono me vencera
e qual náufrago a este caderno me agarrei e escrevi

premonições póstumas e outras alquimias 

sem outro sentido que não fosse o instinto definitivo de sobrevivência:

que se não me salvasse eu ao menos se salvassem os versos
e que pudesse o rosto dela estilhaçar-se noutros olhos e neles sugar a paz de alma de um coração que nunca amou e para sempre o assombrar de vertigens e rendições inúteis como o garimpeiro que nunca se satisfaz com a pepita de ouro que eventualmente encontra

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