ah esta coisa de vir aqui e não dizer nada e assim dizer tudo e esconder-me ao mesmo tempo que me dispo e de falar de solidão e de estar com o mundo inteiro
de lutar sem outro corpo para destruir que não seja o meu e na dor dessa violência enterrar a dor a sério que nunca é minha e diluir esse amor pelas coisas simples que uma vida pode dar como um beijo partilhado pela boca toda sem pudor nem vergonha e um verso perfeito no poema que quase se escreve
de entregar a alma a uma bebida e com ela desligar de tudo num vôo solene transcendente até ao âmago de uma sombra que não pára de nascer num recanto de estrada
ah esta coisa de saber e não saber e saber tudo
de falhar e acertar e continuar e insistir no mesmo erro esperando que algo de novo brote
no fundo tudo isto é a receita de enlouquecer e entender que não há outro caminho que não este
o da loucura
da entrega total a um momento e ele se perpetuar num devaneio perfeito de mim
a constante obsessão de tatuar na pele do silêncio um qualquer suspiro um qualquer sussurro uma brisa que nasceu antes de nós e nos levou por mil universos até nos despenhar aqui agora já
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