O vento diz coisas. Talvez não saibamos bem quais mas diz. E o mar, estes dias, veio confirmá-lo. Cada onda estendida para lá da praia até à estrada, será uma forma do vento falar. E as árvores nuas, tombadas ou de pé, uma outra forma. E o rodopiar das folhas soltas nos jardins uma mais. As coisas que dirá vêm de longe, de um outro tempo, e mesmo que repetidas são sempre novas. Há nas tempestades uma rebeldia que nos assusta, um estremecimento do mundo que abala também por dentro e ficamos sem saber se foi em nós que se iniciou ou se apenas servimos de eco, de caixa de ressonância.
O vento diz coisas, basta ser-se surdo para ouvir.
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