era uma noite tão negra que até os cegos se perdiam, tão escura que as minhas próprias mãos não se encontravam se se buscavam, nem a elas nem ao resto do corpo imagine-se,
até o mar se desregulava entre as ondas e o momento do som do rebentamento,
a chuva caía antes de ao chão chegar, o vento tinha o atraso da luz e do movimento dos ramos,
era uma noite tão escura que as próprias palavras do pensamento confundiam o caminho, desapareciam antes de formularem uma ideia,
era uma noite tão feita de breu que o amor, sim, o amor, ficava-se pela semente e a poesia não chegava a ser,
era uma noite tão obscura que a música soava ao contrário, o tempo, ele próprio, trocava horas minutos e segundos,
noite tão noite que as estrelas luziam negrume e o silêncio encolhia-se como pássaro medroso,
nem tu brilhavas da noite ser tão negra, nem tu, nem nada
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