O calor a estalar-te nos poros. Do alto do céu azul, cai a luz quente do sol, inundando-te em vagas, levando-te a dilatares o olhar por dentro. A roupa, por pouca que seja, a ser pele da pele. O verão é agora uma palavra inteira, sendo também o inferno dos graus a treparem o termómetro, sempre a subir, percorrendo cada ruga da face, cada curva das costas, cada dobra das pernas. O suor não vem logo, vem no descanso de uma sombra milagrosa, coalhando em sopa morna por todo o corpo. A alma também ferve, errática, desnorteada. O abandono à canícula é inevitável e nem a poesia te refresca. Ardes com os dias que rebentam, ardes com as noites que teimam em ecoar a chama dos ventos desérticos pela madrugada fora.
Sem comentários:
Enviar um comentário