Da inevitabilidade

Os silêncios adensam-se, já o disseste antes. Mas há sempre uma janela entreaberta por onde se esgueira uma brisa leve. Brisa essa que percorre as catacumbas do que não escreves de vez, abanando as folhas brancas, quietas e mudas das leituras que nunca foram. E é então que surge um rumor, um murmúrio quase imperceptível, cujo eco ainda mais ténue se dissipa pelas sombras, erguendo-se de dentro, subindo o poço da alma até se estender num formigueiro pelos dedos que teclam ou que seguram um lápis. Impelido por ele, vais desenhando frases, palavras, letra a letra, como um chamamento profundo. Do que disso brota nem sempre o entendes totalmente, mas parece-te inevitável, que é o bastante para o ser de facto. .

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