L'échappatoire

Já escrevi isto algures, mas é uma ideia que me assalta de quando em vez. Trata-se de um documentário que vi na minha infância sobre um doente com SIDA. O homem falou da sua experiência com a doença, do seu mundo arruinado pelas drogas e pela miséria. Dos poucos amigos e sorrisos que ainda tinha. Falava de tudo com uma certa raiva e desalento. Mas proferiu uma última frase antes do fim do filme: je crois à l'échappatoire. A escapatória. Dizia que apesar da sua vida atribulada, das experiências violentas com o crime e a pobreza, tinha, até então, encontrado sempre uma escapatória. E perante a fatalidade da doença, apesar de já não crer em grande salvação, teve forças ainda para afirmar esse pedaço de esperança. A escapatória, essa ideia que dava para romances, ensaios e tratados.
Não sei que é feito do homem.
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