Era aos domingos. Íamos buscá-las à Ribeira, num pequeno andar bem alto debruçado sobre o rio. A Titi e a Teté. Lembro-me do chão de madeira a ranger e das pequenas louças dentro de armários envidraçados. Lembro-me de uma televisão a preto e branco com uns botões digitais assinalados a vermelho. A Titi, madrinha de minha avó (cujo nome nunca soube, era Titi e pronto) e a Teté (Celeste), irma de minha avó. Íamos buscá-las ao domingo para almoçar. Tinha eu 4 anos, não mais, e ainda assim lembro-me. A minha Tia Celeste tinha um dedo permanentemente dobrado para dentro, algo que sempre me fascinou. Tinha os mesmos olhos que a minha avó Beatriz, os mesmos que a minha mãe tem hoje e que a minha irmã vai ter com certeza. Terá sido das tias que mais pijamas e lenços me ofereceu no Natal.
Celeste no céu, desde ontem. E dentro de mim, é mais um rosto numa constelação que se vai adensando e enevoando com o tempo. Por vezes, isto é tudo demasiado triste. Por isso vale tanto a pena.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário