Na verdade, nunca sabemos o que queremos e ainda menos sabemos do que precisamos. As necessidades do espírito movem-se por caminhos dúbios, revelam-se de formas inesperadas. Mas se de incertezas é a vida feita, ela acaba também por ser feita de algumas certezas. Tudo isto para dizer que precisava de cá voltar. Ao Douro. E é certo, igualmente, que terei sempre de cá voltar, de cá perder o olhar para poder, no fim, reencontrá-lo renovado e inocente uma vez mais. A alma tem curiosas formas de se revelar, de se render, e nada como um banho de xisto e de silêncio, de esforço de seiva e de sangue para renascer no mesmo deslumbramento de sempre.
Não há nada igual a isto, não há mesmo. Este rio, estes montes, estas vinhas. Porque o Douro é o impossível, o inimaginável. E de todas as vezes é sempre uma primeira vez, um permanente reencontro com o início e com a inocência. Porque não há habituação à mais absoluta das belezas como disse o Torga.
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