aguardam o momento certo para se elevarem também na galeria nua da tua sala, pois já na tela se elevaram quando o artista as alcançou
o silêncio profundo de uma pintura por pendurar
qual rumor do mar nas madrugadas solitárias
existe um lugar especial entre o momento presente e o momento futuro, um entretanto impossível de perceber, de afagar, os quadros por expor aí se encontram, num limbo incerto de cronos
a planície imensa de uma ideia ou de um sonho estende-se nos gestos adiados das nossas vidas
se por um lado tenho de pendurar quadros, por outro lado gostava de fazer uma outra coisa
e se escrevo sobre telas encostadas ao solo não é sobre telas encostadas ao solo que quero escrever, é sobre a outra coisa