Da foz à nascente


Se dos milagres que nos chegam, o espanto maior é percebermos que ao nos chegarem são esses mesmos milagres mais o eco de todos os locais por onde passaram, o milagre maior é aquele que não nos chega mas que já lá está há milénios. Como se no momento em que o acolhêssemos entenderíamos de imediato que ele já lá estava, que ele já era e é. No fundo, nesses casos, somos nós que chegamos a ele, nós e todos os ecos por onde passámos para a ele chegarmos. O amor é isso, um encontro com o que já lá estava antes de tudo e para lá de tudo. Uma história de sombras e penumbras que a luz vai desenhando da foz à nascente e não o contrário.

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