Andamos nisto e reconhecemos certos gestos quando, de longe, observamos os outros. E andamos nisto e, por vezes, arrebata-nos a ausência do carinho a que estamos habituados. As minhas mãos vazias das tuas quando vejo televisão, o meu olhar sobre o lado deserto que é o teu na cama, o silêncio na cozinha quando preparo comida apenas para um, a escuridão da entrada por não chegares. Andamos nisto e é bom porque o valor das coisas somos nós que o pomos lá dentro e é sabido que quanto mais ausência se adensa no tempo mais valiosas se tornam as coisas. No fundo somos avaliadores, aprumados dentro de nós quando a solidão levanta a voz e nos diz, com todas as letras, o que realmente nos faz falta. A mim, és tu que me fazes falta. E é bom para que quando estiveres eu saiba ser-nos por inteiro, sem condições, sem distracções e sem hesitações.
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