Para além do sonho inato de querer ter sido jogador de futebol, ainda por cima tendo nascido em 1980, ia mesmo a tempo de participar no França 98 com 18 anos (embora a nossa Selecção não tivesse ido) e vencer aí a prova máxima do futebol, o primeiro sonho do que "queria ser quando fosse grande" era ser astronauta (algo igualmente comum penso). Julgo que o sonho nasceu quando tinha 7 ou 8 anos e em Bruxelas fui ao IMAX (na altura o maior écrã de cinema da Europa) ver um documentário sobre a vida na falecida Estação Espacial MIR. Recordo que o écrã da altura de 5 andares (ou algo assim), com aquelas imagens do breu do universo semeado de estrelas, daquele azul da Terra a ocupar metade do firmamento, do flutuar dos astronautas no silêncio profundo do espaço, da Lua gigante e de toda aquela imensidão, tudo isso me arrebatou para a vida. Com o tempo, crescendo na idade, o sonho foi-se desfazendo: era português, era preciso muita física e matemática, o sonho não era para mim. Ficou o deslumbre e alguma literatura de ficção-científica. Ficou também, por vezes, uma pausa em noites mais calmas e limpas a olhar o céu numa solidão que ainda hoje me apazigua. Com o infinito, uma espécie de vertigem para lá de mim e uma sensação inexplicável de que se há coisa que eu abraçaria sem hesitar seria uma viagem até "lá em cima" e deixar-me "cair" e "cair" mais fundo, até quase tocar o "fim". Adormecer no cosmos.
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1 comentário:
Adormecer no cosmos? Parece me mais facil e mais viavel "adormecer com os copos"!!!
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