a planície e nada
e este verso que ouviste ficou
a planície e nada
todo um tratado
o mundo inteiro à frente como uma onda imparável
e no entanto apenas o silêncio a prevalecer
como se no próprio espectro sonoro não existisse espaço suficiente para suster tamanha intensidade
e a mudez se revelasse imprevista
e no desenrolar disto tudo
nas infinitas explosões de vida
o que resta é nada
esse deserto imenso de formas difusas e enevoadas
esse limbo infinito de solidão
a tristeza é o relógio parado que sabemos ser mentira
e no fundo
mesmo no fundo
nas catacumbas da alma
jaz uma árvore despida de folhas cujos frutos nunca brotaram
o marasmo de nós
as promessas por cumprir e as que cumprimos por engano
existe sempre uma luz
mas o breu também vence batalhas
saibamos perder
e mandar tudo à merda
esse gesto não será nunca uma derrota
mesmo não sendo uma vitória
na vida também se empata