Vieste, sem falar, para junto da janela. O céu ao longe desenhado por algumas nuvens, deixava, ainda assim, entrever o sol.
Vários rastos de avião cruzavam no alto. Na estrada passeavam-se algumas pessoas no início de tarde.
Abriste a janela. Uma brisa entrou e enroscou-se nas cortinas.
Olhava-te, sentado enquanto limpava o pó de um caderno cheio de palavras.
Um dia leio-te tudo isso. Palavra a palavra, verso a verso. Talvez uma emoção nasça dessa leitura. Algo inútil com certeza, mas real. E então, ao olhares pela janela verás que esses rastos de vôos no alto, desenham uma teia infinita de destinos adiados, de silêncios, de futilidades.
Para que saibas: tenho cadernos igualmente vazios, adiados.